DADOS POLÍTICOS E O USO DE NOVAS TECNOLOGIAS

23/11/2015

Continuando o debate sobre as vantagens que a utilização da tecnologia pode ter no cotidiano dos profissionais de relações governamentais, sustentamos que o auxílio computacional no tratamento do grande volume de dados políticos (necessários no processo de negociação com as esferas governamentais) deve ser considerada como uma questão relevante neste processo.

Não é novidade que as novas tecnologias estão criando, reinventando e modificando o modo que as mais diversas atividades econômicas são executadas, ao mesmo tempo que uma grande quantidade de dados é disponibilizada. Nas relações governamentais não é diferente. Neste artigo queremos chamar a atenção para a contribuição que novas ferramentas e metodologias podem ter no cotidiano dos profissionais de relações governamentais.

A quantidade de dados políticos produzidos e disponibilizados permite que novas estratégias de relações governamentais sejam traçadas. Sendo assim, o gargalo na melhoria das estratégias de RelGov passa também pela maneira de trabalhar com este grande volume de maneira fácil, eficaz e dinâmica. A área da política (considerando aqui poder público e profissionais que se relacionam com as esferas políticas nos mais diversos níveis), apesar de disponibilizar uma quantidade considerável de informações, pouco utiliza da tecnologia para melhorar processos, validar hipóteses e pensar novas maneiras de negociação.

O fato é que estruturar relatórios de acompanhamento das ações do executivo e legislativo, levantar informações dos legisladores envolvidos, mapear possíveis ameaças legislativas e detectar momentos sensíveis para propor ações estratégicas se torna mais eficaz quando se consegue, a partir de um número maior de dados políticos, extrair as informações necessárias para realizar estas ações. Para se ter uma ideia do volume, apenas na esfera federal (Câmara e Senado) existem 16.696 projetos (leis ordinárias, leis complementares, medidas provisórias, emendas constitucionais) tramitando. Some a este volume informações diversas dos legisladores como votações, projetos de lei, comissões que participa, discursos e biografia. Agora imagine elaborar planos de ação em cada esfera estadual e municipal.

Em um cenário mais concorrido e com quantidades finitas de recursos onde grupos e setores disputarão, cada vez mais, os espaços da política, conseguir agilidade e eficácia no tratamento de um grande volume de dados políticos pode significar uma vantagem significativa frente àqueles que se utilizam, somente, de processos manuais. Automatizar alguns processos não significa, de modo algum, sugerir a substituição do profissional, mas deixá-los livres para pensarem e executarem planos estratégicos de interação e argumentação junto aos tomadores de decisão e aos poderes executivo e legislativo.

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