O CENÁRIO POLÍTICO E O FUTURO DAS RELAÇÕES GOVERNAMENTAIS

11/04/2016

Como será o futuro das Relações Governamentais tendo em vista o cenário político brasileiro? Esta é a pergunta que ultimamente tenho ouvido tanto de colegas do meio profissional quanto de pessoas conhecidas. A resposta para ela não é definitiva e, por conta da dinamicidade do cenário atual, pode mudar com certa rapidez. Isto, porém, não impede que façamos uma reflexão sobre ela.

A relação dos profissionais de RelGov e o Estado brasileiro

Nós e tantas outras pessoas escreveram sobre a importância que o processo de Relações Governamentais vem adquirindo no país. E junto com o aumento da relevância vem o aumento da exposição destes profissionais na mídia. Por outro lado, a exposição aumenta os debates sobre o que se faz e como se faz (como por exemplo ciclos de palestras e até mesmo debates dentro das próprias Associações e Instituições que reúnem profissionais de RelGov). O fato é que a prática das Relações Governamentais é uma peça importante na engrenagem política brasileira. Entendo que daqui para frente o futuro das Relações Governamentais deverá passar por um processo de debates sobre a regulamentação das práticas atrelado a um aumento da relevância do processo de RelGov.

Cada dia mais as instituições e as pessoas em geral começam a compreender que a relação entre público e privado existe desde os primórdios da formação do estado brasileiro. É verdade que na maioria das vezes esta relação continha práticas patrimonialistas, mas o fato é que, também, não podemos negar que ao longo da história esta relação entre público e privado vem sendo cada dia mais fiscalizada pelo judiciário que passa a contar com mecanismos mais eficazes. E mais, ao longo do processo de evolução política, mesmo que de forma separada, grupos dentro de empresas tem se organizado para definir estratégias claras e boas práticas de negociação junto ao governo. Ou seja, tenho a confiança que a relação entre público e privado pode gerar, cada vez mais, bons frutos.

Além disso, vejo que o cenário para os profissionais de RelGov passa por compreender melhor e mais detalhadamente a estrutura estatal. Por conta da extensa lista de mecanismos e da burocracia dos processos que envolvem a tramitação de proposições, tenho notado que momentos importantes para a negociação junto aos legisladores são perdidos e isto tem significado duas coisas: 1) a perda da ocasião e consequentemente o setor, empresa ou grupo terá muito mais trabalho para reverter um quadro desfavorável; 2) lançar mão de meios “pouco democráticos” para forçar a correção da falha. Ambos os casos seriam evitados caso houvesse um maior conhecimento dos processos e quais os momentos chave para a atuação dos profissionais.

Enfim, negociar com o Governo Federal e com os estados é essencial, visto que a estrutura de governo brasileira faz com que grande parte das decisões e alocações de recursos passem por ele. Ou seja, é necessário ir até o Estado para negociar. A isso se soma o aumento de demandas e a diminuição dos recursos disponíveis. Pelos motivos expostos acredito que o cenário para os profissionais de RelGov será de trabalho tanto para buscar garantir seus interesses quanto para dialogar em busca de melhores práticas.

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