AS RELAÇÕES GOVERNAMENTAIS NA POLÍTICA BRASILEIRA

18/07/2016

Temos falado sobre o futuro das Relações Governamentais e sua importância na melhoria dos processos entre governo e instituições. Este artigo irá trazer alguns pontos colocados na audiência pública que debateu a regulamentação do Lobby na política brasileira (ocorrida no dia 07 e julho de 2016). Não farei um resumo do que foi a audiência, visto que esse tipo de exercício sempre deixa algo importante escapar. Por este motivo, recomendo acessar o link com uma entrevista feita com a relatora da proposta a Deputada Cristiane Brasil.

Sendo assim, nosso objetivo é chamar a atenção para o debate que está posto. Isto é, o momento da política brasileira pede ações que definam os limites dessa profissão.

A importância das Relações Governamentais

Assim como o responsável pelo marketing, pela finança ou pela parte jurídica, a área de RelGov deve ser entendida como uma atividade técnica. É preciso que esta área seja vista como parte integrante do negócio, responsável por mitigar riscos regulatórios e legais, bem como por garantir novas oportunidades de negociação.

Não há mais espaço para práticas obscuras de relacionamento com o governo e, muito menos, que estas sejam baseadas apenas em impressões pessoais. Os dados estão disponíveis e, se organizados, podem gerar ações mais eficazes e com menos esforço, economizando tempo e melhorando as estratégias dos profissionais.

Apesar da mídia noticiar fatos que relacionam corrupção e Lobby, pensar que esta é uma atividade nociva incorre em uma generalização perigosa aos preceitos democráticos. Esse perigo ocorre por dois motivos. O primeiro é que a maioria dos profissionais de RelGov enxerga a necessidade de algum tipo de regulamentação para a atividade. A questão é que quanto mais clara e delimitada sejam as práticas, mais os corruptos se afastam. Ou seja, não há tentativa de esconder a atividade de RelGov como já ouvi algumas vezes.

O segundo é que estimular grupos a se organizarem, com o objetivo de fazer valer seus interesses em uma arena política concorrida, nada mais é que democratizar o jogo. Ora, em um cenário de recursos econômicos e políticos escassos, onde somente alguns atores negociam junto aos legisladores, a possibilidade de mais grupos disputarem este recurso é algo extremamente benéfico para o amadurecimento democrático do país. Ou seja, se bem desempenhada a atividade de RelGov é uma ferramenta importante na disputa pelo recurso.

Para onde iremos caminhar?

O fato é que, da maneira como as regras politicas estão dispostas, é inviável não existir uma relação entre instituições, o governo e os legisladores. Há maneiras de tornar estas relações mais claras e bem definidas. Bem como, melhorar o entendimento sobre os caminhos de acesso aos recursos, para que mais grupos possam entrar na disputa.

Portanto, não podemos mais protelar ações que visem regulamentar as relações governamentais. O debate foi lançado, assim como projetos de leis estão sendo propostos. Cabe agora um esforço de discutir todas estas propostas e tirar ações concretas. Este esforço nos fará avançar e mostrará a necessidade, em uma sociedade democrática, de profissionais que trabalhem com relações governamentais.

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